tag:blogger.com,1999:blog-8928628230175403586.post8291924854650115192..comments2015-05-23T01:53:25.548-07:00Comments on Sou Amsterdam: Visita a KeukenhofDaniel Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/01075669495983627987noreply@blogger.comBlogger2125tag:blogger.com,1999:blog-8928628230175403586.post-60793547233776898152015-03-25T13:33:35.874-07:002015-03-25T13:33:35.874-07:00Adoro o poema, Não conhecia Ana.
Obrigado :)Adoro o poema, Não conhecia Ana.<br />Obrigado :)Daniel Carvalhohttps://www.blogger.com/profile/01075669495983627987noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8928628230175403586.post-20350893382565959302015-03-25T10:26:37.353-07:002015-03-25T10:26:37.353-07:00hoje escutei este poema para assinalar a morte do ...hoje escutei este poema para assinalar a morte do poeta...<br /><br />Bicicleta<br /><br />Lá vai a bicicleta do poeta em direcção<br />ao símbolo, por um dia de verão<br />exemplar. De pulmões às costas e bico<br />no ar, o poeta pernalta dá à pata<br />nos pedais. Uma grande memória, os sinais<br />dos dias sobrenaturais e a história<br />secreta da bicicleta. O símbolo é simples.<br />Os êmbolos do coração ao ritmo dos pedais –<br />lá vai o poeta em direcção aos seus<br />sinais. Dá à pata<br />como os outros animais.<br /><br />O sol é branco, as flores legítimas, o amor<br />confuso. A vida é para sempre tenebrosa.<br />Entre as rimas e o suor, aparece e desaparece<br />uma rosa. No dia de verão,<br />violenta, a fantasia esquece. Entre<br />o nascimento e a morte, o movimento da rosa floresce<br />sabiamente. E a bicicleta ultrapassa<br />o milagre. O poeta aperta o volante e derrapa<br />no instante da graça.<br /><br />De pulmões às costas, a vida é para sempre<br />tenebrosa. A pata do poeta<br />mal ousa pedalar. No meio do ar<br />distrai-se a flor perdida. A vida é curta.<br />Puta de vida subdesenvolvida.<br /><br />O bico do poeta corre os pontos cardeais.<br />O sol é branco, o campo plano, a morte<br />certa. Não há sombra de sinais.<br />E o poeta dá à pata como os outros animais.<br /><br />Se a noite cai agora sobre a rosa passada,<br />e o dia de verão se recolhe<br />ao seu nada, e a única direcção é a própria noite<br />achada? De pulmões às costas, a vida<br />é tenebrosa. Morte é transfiguração,<br />pela imagem de uma rosa. E o poeta pernalta<br />de rosa interior dá à pata nos pedais<br />da confusão do amor.<br />Pela noite secreta dos caminhos iguais,<br />O poeta dá à pata como os outros animais.<br /><br />Se o sul é para trás e o norte é para o lado,<br />é para sempre a morte.<br />Agarrado ao volante e pulmões às costas<br />como um pneu furado,<br />o poeta pedala o coração transfigurado.<br />Na memória mais antiga a direcção da morte<br />é a mesma do amor. E o poeta,<br />afinal mais mortal do que os outros animais,<br />dá à pata nos pedais para um verão interior.<br /><br />Herberto Hélder (1930-2015)Ana Fernandeshttps://www.blogger.com/profile/07231106682422551889noreply@blogger.com